A fotografia na parede

Um minuto estático, capaz de reacender lembranças, sentimentos, emoções. Uma imagem. Uma relíquia. Um tesouro. Tem o mesmo valor do ouro. Confunde o sentimento. Saudade ou felicidade? Uma conversa muda. Um pedaço de papel inanimado. Tão vivo e tão real.

Tomaz

Cinco anos. Como se fosse ontem. Como se tivesse passado o dobro do tempo. Devagar e rápido. Uma foto e muita saudade. Saudade dos anos que já passaram. Desejo de viver de novo. De estar mais presente.
De bebê a menino travesso.Passa muito rápido.

Um coração desenhado com a mão engordurada no vidro do carro. Uma despedida sincera, de um afilhado amado. O coração desmancha, as lágrimas brotam. A madrinha ama.

Caminho Suave

O ingresso à universidade trazia a sensação de maturidade e grandes mudanças. Essas que acompanharam os quatro anos de estudo. Passado o primeiro, em que tudo era novo, e a fundamentação da profissão ficava em segundo plano, chegou o momento em que as possibilidades de ingressar no mercado de trabalho apareceram. Então, uma nova transformação. Começar o primeiro estágio, ainda cru, sem conhecimentos práticos, habilidades e técnicas, não foi uma tarefa fácil. Medo é um sentimento proibido. Ousadia é imprescindível.  Com a vaga garantida, como competir e atingir expectativas de um contratante que esperava um grande profissional? Entre um estica daqui e dali para cumprir todas as atribuições e ainda mostrar disponibilidade, um colega me indica a leitura da cartilha “Caminho Suave”. Não é pessoal, encarei assim. Aquele momento foi um divisor de aguas. Como também meu trabalho dividiu opiniões. Acabava ali um sonho. Começavam os questionamentos. Deixei de lado todos os pensamentos, ali havia algo muito maior, que fugia do meu entendimento. Uma questão máscula. Um ego, que foi ferido. A pouca idade me permitia distinguir isto. Vale a pena esquecer. E frustações mudam tudo. Mudam os sonhos de quem vendeu seu tempo e esforço em busca de reconhecimento e não ganhou nada em troca. Novos objetivos e oportunidades à frente. Melhor deixar de lado os traumas. Dinheiro é o que define a nova fase. Comprar, ter, querer ser. Desejos que bastam. Algum tempo assim e, de repente, uma nova reviravolta. O destino agiu na hora certa. Segundo minha crença. A terceira oportunidade profissional, uma opção de quem não tinha pra “onde ir”, foi algo especial. Carrascos sempre vão existir. Mas a sua função, inegável, é ensinar – a seu modo. E pronto! Neste vai e vem de experiências, mudanças e renovação um “novo eu” nasceu. A maturidade – ao nível do que se permitem os 21 anos – reascendeu a chama de buscar aquele objetivo esquecido no começo da trajetória. Aqui, no último estágio da graduação, tudo é diferente. Até as expectativas. Diante então do encerramento de uma etapa importante da vida, o ciclo se renova e novos desafios se aproximam e até se repetem. A sensação de ser jogada aos lobos. O que os grandes reis da alcateia exigem? Foi dada a largada. Que as lições de outrora sirvam de alicerce.

Curiosidade

Feito uma roda gigante, com variações de estado entre altos e baixos, com sensações que vão do medo ao êxtase, a vida segue. Devo confessar que gosto.  Se dentro de uma eu estivesse e pudesse ter uma vista panorâmica das histórias que transcorrem abaixo, quais seriam minhas escolhas? Saber o que se passa com o outro mudaria minha conduta?

Chego a conclusão de que a roda gigante não seria uma alternativa viável, mas certamente ser invisível por alguns momentos está dentro da minha lista de desejos.  Queria saber, sem que o outro soubesse...

Talvez!

Eu tinha um destino e rumo a ele os pensamentos me distanciaram da realidade, me levando para outro lugar. Quando percebi o erro no trajeto, refiz o caminho e segui com as lembranças dos momentos vividos horas antes. Rindo sozinha percebi o quanto aquilo me fazia falta e que algumas das minhas ultimas escolhas me levaram para longe da minha essência.  Talvez este seja o reflexo natural das fases da vida, onde os objetivos se renovam e algumas coisas ficam pra traz... Triste assim!

Então deixe...

Os 21 anos me tornaram mais sensata. Por vezes, racional. Algo tão novo em mim e tão comum no cotidiano de todos. A pratica constante de atos como  calar e esquecer nem sempre são indicadores de falta de ímpeto. Jair Rodrigues já cantava em seus versos: "Deixa que digam, que pensem, que falem. Deixe isso pra lá, vem pra cá. O que é que tem?"

Regresso

Em uma nova fase os sentimentos ainda estão presentes e tão complexos quanto. O tempo passa e as indagações não cessam, seguem em uma linha tênue de constante inovação. Pensamentos desconexos “pairam no ar”.
É hora de voltar!